quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Rubén Darío Ávalos Flores, o doador.


Rubén Darío Ávalos Flores, o doador.
Faleceu Rubén Darío Ávalos Flores. Um pequeno, mas enorme, Paraguaio, aos 12 anos.
Sofria de um raro tipo de câncer, não sei bem qual, na verdade não sei, nem bem, nem mal, mas pouco importa, porque a doença levou nosso amiguinho escritor. A doença não lhe permitia se defender dela própria, mas, como ninguém, ele sabia se defender das lamentações que a vida lhe requeria, as lamentações nunca utilizadas por ele da maneira que a vida queria... o que ele fazia muito era passar pela doença lendo... aprendendo... sabendo... não, sabendo não, mas procurando o saber, procurando o conhecer, procurando o sentido da vida (risos), claro que não, ele não precisava saber o sentido da vida, já sabia o sentido da morte, a morte se utiliza do sentido do “acabar” para nos aterrorizar, nos apavorar, nos petrificar de medo, e sua resposta era rir “da” face do medo, rir “na” cara do medo. Se o sentindo do “acabar” da morte fosse utilizado e reutilizado para as fases ruins da vida, ou as coisas ruins da vida, ou ainda para as dificuldades da vida, seria bom demais... seria algo mais ou menos assim...

Cicrano: -Ei fulano, tá melhor? E aquela dívida com o banco?
Fulano: -Morreu! A morte levou!
Cicrano: -E aquele namorado feio e bandido da tua filha?
Fulano: -Vai morrer também! É só uma questão de tempo.
Cicrano: -E a tua sogra?
Fulano: ...  ...  ...

Coisa boa é a morte dar fim às coisas ruins que nos sobrevém, pois se morre acaba, simples assim, acaba... Acontece que as coisas boas da vida, as boas amizades, as boas oportunidades de emprego, as boas aulas que perdemos, as boas intenções, também morrem, e simplesmente acabam, passam e não voltam mais. Enquanto que as coisas ruins parecem Highlander, são imortais, são mais cristãs que muitos cristãos que vi morrer e não ressuscitaram, simplesmente morreram e não voltaram mais, muitas profetadas também se perderam no ar, mas as coisas ruins morrem por algum tempo e depois voltam, às vezes mais intensas ainda... Rubén Darío era só um garoto... um infante... mas não, não devemos e nem temos o direito de classificá-lo como uma criança apenas... Classificamos um gatinho como mamífero-felino, um cãozinho como canino, um cordeiro como ovino, mas esse niño paraguayo no és solamente um chico. Ele era um doador... não um doador de sangue, embora fosse um garoto-sangue-bom, também não era um doador de medula óssea, nem um doador de córnea, ou um doador/mantenedor de alguma universidade, não era um doador de órgão, ou dinheiro, ou até mesmo um doador de tempo... ele não tinha nenhum desses itens como tipo exportação de seu corpo ou seu bolsinho de menino para a doação... Mas o que ele tinha nos doou com maestria, com pureza, talvez não com toda a alegria, mas com a suficiente alegria de reconhecer o compromisso que Deus requeria dele, com a infinita alegria de compartilhar seu desejo de viver conosco a despeito da doença, com a eterna alegria de dar a vida em face da morte...

“Ele nos doou palavras”.

O incrível nessa história é que além das palavras doadas há uma lição básica, pura, humana, mais que humana, divina por trás das ações do pequeno literário... ele não perdeu tempo porque não tinha, não perdeu a oportunidade porque era a única que tinha, não perdeu amigos porque a pouca estada na vida lhe trouxe muitos dentro de cada clínica em que passou, em cada hospital, também não perdeu dinheiro porque os livros que escreveu serviram para ajudar sua madrecita com seu tratamento.
Não perca as oportunidades que se apresentam a você. Não perca tempo com pequenas birras com seu familiar ou com seu cônjuge ou com seu amigo(a), não perca a saúde guardando mágoa de ninguém, isso faz mal... simplesmente viva a vida como ela se apresenta a você, com toda a intensidade que você conseguir...

Rubencito, mi Hermano, Vaya con Dios a encontrarse con su general


Por Ricardo Serrão.

Deusa Arte.

MÚSICA Já escrevi sobre a presença da arte nas nossas vidas. “A arte é assim, alguns gostam, outros nem tanto, outros são distantes, mas tod...