sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Dúvidas cruéis!

Desafio - Exercitando a escrita 2.

"Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência".

Dúvidas cruéis!

Passavam das nove horas da noite, de uma sexta feira sofrida, após uma semana de trabalho cheia de problemas a serem resolvidos, e alguns nem resolvidos, vindo de casa, não do trabalho, mas de casa, já banhado, com roupas limpas, com o suficiente no bolso para tomar um belo porre, cheio de desejo de encher um copo de chopp bem gelado e tomar todinho sem tirar da boca, sentindo o acre líquido descer goela abaixo, em enormes goladas rumo à escuridão e ao calor do interior do corpo para ser diluído e adentrar furtivo na corrente sanguínea tendo como norte o cérebro, aquele órgão danado onde reinam soberanas nossas emoções e pensamentos, bons e ruins, certos e errados, sóbrios ou descomedidos ou ébrios, como queiram, mas verdadeiros imperadores do nosso querer, mesmo quando não queremos nos rendemos a esses pensamentos e emoções.
Cheguei em casa e vi a luzinha da secretária eletrônica piscando, sinal de que havia recado pra mim. Pensei em não ouvir, pois na maioria das vezes eram de call centers me comunicando de um título protestado, ou de uma promoção para quitação de dívida de algum cartão que já não tenho mais. Não abri o recado, mas no banho, pensando em ligar para ela, me peguei pensando na luzinha da secretária e decidi ouvir... grande acerto... ou erro... ou acerto... acho que foi erro...não... acerto... ah... me estrepei de qualquer jeito.
Era ela...
disse apenas:
-Oi... sou eu... (Entre o “oi” e o “sou eu” passaram-se uns poucos segundos que para mim pareceram horas intermináveis)... -estou ligando para dizer que não quero mais você... (Bem que eu poderia ter desligado a máquina naquele instante, pois vieram outros poucos segundos, não mais que três, mas na condição emocional em que já me encontrava, pareceu a quantidade de meses que já tínhamos de relacionamento, bom relacionamento, nada de espetacular, mas bom relacionamento)... – conheci outra pessoa e vamos casar!
Pronto! O céu não caiu, o chão não sumiu, o ar não faltou, o que me fez sofrer foram as emoções e os pensamentos, aqueles mesmos maus pensamentos que se originam monárquicos no cérebro (lembram deles?). Pensamentos da traição, da infidelidade, da sacanagem sofrida.
Estava no balcão do bar pensando nas dívidas, nas contas vigentes, no negativo em muitos milhares de reais, pensando no chifre sofrido, lembrando de Djavan “Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dar, sabe lá, sabe lá”, em como não ter como resolver esses problemas que para muitos parecem simples, mas para mim, naquele instante, eram insolúveis, quando de repente alguém me dá um tapinha nas costas e diz:
-Seus problemas estão resolvidos!!!!!!
Um inebriante aroma suave tomou conta do ambiente, terno e gravata, sapato bico fino de couro, anelão no anelar, com a sobrancelha feita, um pequeno brinco de diamante na orelha esquerda, um relógio chiquérrimo, um belo colar de ouro com um pingente de letra com um grande G, uma leve base sobre as maçãs do rosto e um sombreado retilíneo sobre as pálpebras delineavam uma make bem suave... Era um gênio moderno, ou uma gênia moderna, não consegui e nem precisava definir gênero, pois suas imediatas palavras não me pegaram de surpresa, nem de calças curtas, nem de supetão, me pegaram foi sem cérebro...
Disse:
Conheço seus problemas todos, suas dúvidas e convicções, suas alegrias e tristezas. Atenderei a apenas um entre dois desejos oferecidos: Você quer muitos milhares de reais ou 7 cm a mais no playground?
Oh, dúvida cruel!!!

Continue a história...

Deusa Arte.

MÚSICA Já escrevi sobre a presença da arte nas nossas vidas. “A arte é assim, alguns gostam, outros nem tanto, outros são distantes, mas tod...