sexta-feira, 26 de março de 2021

O lado cômico na vida de um drogado. Capítulo 2.

O lado cômico na vida de um drogado.

Capítulo 2

Meu amigo Pescoço, ou pescocinho como carinhosamente o chamávamos.
Meu amigo Cefas Pedregulho chama a minha atenção no zap.
Pô Kibe, escuta essa.
Eu tinha um amigo, já falecido, pescocinho. Maluco da antiga, 60 e poucos anos, já tinha puxado cana, hétero, brabo, tudo ele já queria puxar faca...brabão mermu. Morava perto de casa e se amarrava em queimar um, mas já tava senil, a mente o traía. Chamava todo mundo de papai. Parecia às vezes ter a mente de criança...será que eu vou ficar assim, Kibe?
Eu: -Já tá. (Kkkkkkkkkkk).
Um dia estávamos, ele, eu e uma amiga minha, a magrela, embaixo de um jambeiro aqui perto de casa. Aí eu disse: -Magrela vamu ali no parque pegar uma parada? Bóra, disse ela.
Na hora ele pediu, com aquela voz de quem fala com a boca semi aberta, só fazendo um bico tipo focinho de porco:
-Ê papai, posso ir com vocês?
Fomos todos. Ela e eu na frente e ele sentado no banco de trás do carro.
De repente ele começa a reclamar: - Porra papai...cara eu vou parar de fumar essa porra. Porra tô mais aguentando não. Pqp cara, agora os caras vão lá pra casa...aí fica todo mundo doidão...aí começa uma putaria de um pegar no pau do outro...(hihihihi eu rindo sozinho aqui)...um beijando o outro na boca...rapaz eu acho esse negócio muito errado...
Aí eu virei pra trás e perguntei: -Mas quem pescoço?
-Porra papai... o Álefe se agarrando com o negão, o nego Jó se agarrando com o Jerry....porra bicho fica um negócio muito escroto cara.
Olhei bem sério pra ele, e ele me olhando de volta...aí perguntei:
-Mas...vem cá pescoço...na hora que tu beijou na boca do Álefe tu gostou?
Ele arregalou os olhos, trincou os dentes, a boca ficou seca, isso tudo num milésimo de segundo e soltou:
-TU VIU?!?!?!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Outra dele foi quando eu voltei da clínica. Bati na porta dele e ele abriu dizendo:
-Porra papai...sabia que tu ia recair, entra aí, entra aí.
Entrei calado, sério, sentei com ele à mesa. A lâmpada da cozinha tava queimada então só tinha uma fresta de luz que vinha de uma lâmpada que iluminava o banheiro e o quarto dele, ficava em cima da parede, dividida, pois não tinha forro e ele aproveitava uma lâmpada só.
-E aí papai, como era na clínica? Tu usava muita droga lá dentro?
Olhei bem sério pra ele e disse: -Boa noite, meu senhor! Eu sou o Heber, irmão gêmeo do Cefas.
Ele ficou me olhando um tempo. Com a mente de criança já...começou a resmungar: -Ah Meu Deus!...o diabo não vem, mas manda o secretário...e me olhava dos pés à cabeça...intrigado...noiado...e eu calado, bolando um...aí ele solta uma:
-PQP papai, vocês se parecem muito, vocês são gêmeos idênticos, é?hihihihihi
Ele tinha a porra dum gato siamês que só tinha cabeça, e que não parava de miar....o gato miando, miando, miando, já cortando a minha onda, então eu disse: -Querido o senhor tem um pouco de ração pra dar pra esse gato, porque ele tá me incomodando?
-Meu irmão eu já dei um pão pra esse filho da puta roer...tá com fome não.
Não tinha fósforo, então levantei pra acender na boca do fogão que era elétrico. Quando eu viro de costas pra ele, ele põe o gato em cima da mesa e começou a falar com o gato:
-Ê papai, por que tu tá miando, me fazendo vergonha na frente da visita? Ainda mais na frente desse bicho aí que não vale nada igual o irmão dele...e não sei quê, não sei quê....
Eu de costa pra ele falei assim, com a voz bem fina como um miado de gato:
-É porque eu quero comiiiiida!!!!!
Kibe, quando eu virei ele tava com o olho arregalado, segurando o gato de frente pra ele (kkkkkkkkkkkkkk Num guento). Ele perguntou pro gato muito sério: -O que foi que tu falou papai?!?!?! (HAHAHAHAHAHA).
Rapaz, Kibe, tem coisas que só acontecem na vida de um dodói.
Concordo rsrsrs. Ricardo Serrão.

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